Neste diário ilustrado, o tempo é o da escuta e o ritmo é o do rio. Os encontros são pelas funduras das águas e pelas suas margens, nas brincadeiras das crianças, nas memórias dos mais velhos e nos lampejos da imaginação de uma poeta viajante. Aqui o leitor é convidado a olhar ao mesmo tempo para as miudezas e para a imensidão, como se a vista pudesse ultrapassar a bruma da natureza e investigar a origem e a beleza de todas as coisas.
No vai-e-vem das páginas, surgem versos-piracemas, listas, nomes, receitas, poemas e dizeres compostos com os registros em desenho do artista Kammal. Suas ilustrações investigam os silêncios das entrelinhas, as brechas das palavras, os não ditos do texto.
É gigante o livro que, para pequenos, se mostra capaz de traduzir, ao mesmo tempo, as dualidades da enchente e da vazante, a viagem de dentro e a de fora, o mundo submerso e o espelho do real, o significado da palavra e o vazio do sentido, a poesia e a etnografia.